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Madeleine…quem? - Sandra S.

Proust imortalizou a madeleine. O rei Estanislau Lekzinski da Polônia imortalizou a jovem camponesa de Commercy, Madeleine, autora dos bolinhos que o encantaram em sua passagem pela França. Acabou levando-os para Versalhes, onde vivia sua filha Marie, casada com Louis XV e, mais tarde, para Paris. A madeleine, o bolinho, caiu no gosto do rei e do reino…é essa a história.


Melhor, então, dar a palavra a Proust, que tão bem descreveu a delícia: “esse marisco da pâtisserie, tão untuosamente sensual sob suas pregas severas e devotas”…


São mesmo sensuais esses bolinhos que derretem na boca, molhados ou não no chá. Sejam classicamente perfumados com raspas de limão ou laranja, com ares orientais ao serem aspergidos de água de flor de laranjeira, seduzidos pela doçura do mel ou pela pungência do cacau.


Testei inúmeras receitas de madeleines. A do mestre Pierre Hermé é a minha preferida:

200g de farinha

1 colher café de fermento em pó

240g açúcar cristal

raspas de 1/2 limão siciliano orgânico

4 ovos

200g manteiga derretida



Bata os ovos com o açúcar, por uns 4 minutos. Acrescente as raspas de limão. Junte os ingredientes secos, seguidos da manteiga derretida. Cubra com filme plástico e deixe descansar na geladeira por – pelo menos – 3 horas. Asse por 13 minutos em forno quente, em forminhas untadas com manteiga derretida e polvilhadas de farinha. Desenforme e sirva-as ainda mornas ou em temperatura ambiente.

para 24 madeleines


Declaro, ainda, que Proust, em quadrinhos, na adorável adaptação de Stéphane Heuet, tradução de André Telles, é a melhor introdução à leitura do romance ‘Em Busca do Tempo Perdido’. Para adolescentes e adultos, pode ser o primeiro contato com os longos parágrafos proustianos e com o poder evocador de lembranças da madeleine. O certo é que a primeira madeleine ninguém esquece.



SANDRA S. é carioca, formou-se em letras (cup-rio), com pós em literatura brasileira (puc-rio), e direito (ucam-rio). na frança, fez dois estágios profissionais de confeitaria na école lenôtre. hoje, escreve, traduz e cozinha. biblioteca.culinaria@gmail.com @setecolheres

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